quinta-feira, 17 de junho de 2010

Serà Bono da banda U2 o messias?

Será Bono o Messias

Como um cantor de rock virou o maior defensor das causas sociais no planeta. E por que milhares de brasileiros pagam qualquer preço para ouvi-lo pregar ao vivo

Alexandre Mansur e Luís Antônio Giron

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SHOW VERTIGO Bono comanda o espetáculo que já faturou US$139 milhões na Europa e nos Estados Unidos, e agora chega ao Brasil

O documentário sobre sua vida se chama O Filho Favorito de Deus. Na internet, os usuários do Orkut o reverenciam em comunidades como Seria Bono Vox o Messias?, Beatificação do Bono e, mais modestamente, Bono para o Nobel da Paz. Indicam-no para presidente do Brasil, dos Estados Unidos, da ONU e do mundo - cargo que até agora não existe, mas, segundo os fãs, deveria ser criado especialmente para ele. Há mais grupos em homenagem a Bono que a Mick Jagger e mais dedicados a sua banda, o U2, que aos Beatles. Embora sempre haja sites para pregar que Bono é o anticristo, o padrão são comunidades como A Bunda do Bono é Linda e Eu Daria para o Bono (com 291 participantes, incluindo dois do sexo masculino). Por um ingresso para o show do U2, 100 mil brasileiros encararam filas enormes no janeiro mais quente dos últimos anos. Houve quem acampasse durante 36 horas. Ou quem pagasse R$ 1.500 a cambistas para garantir um bilhete. Em 2005, nenhuma banda vendeu tantos ingressos para concertos no circuito mundial como o U2. O grande vencedor do prêmio Grammy na semana passada? Adivinhou. O título majestoso de Pessoa do Ano da revista americana Time em 2005 foi dado a quem? Adivinhou de novo. A questão: por que o mundo se curva diante de Bono?

Esse irlandês de 45 anos, batizado de Paul Hewson, é hoje o único artista de alcance global que conclama cada fã a lutar por um mundo melhor. Mesmo que sua mensagem pareça tola para alguns, ela mobiliza multidões que peregrinam para ver de perto Bono e seus apóstolos, os outros integrantes do U2. O próprio nome do grupo como que convoca o público a se juntar à onda mundial de boas ações (U2 lê-se 'you too', 'você também', em inglês). Esse tsunami atingirá o Brasil em dois shows da turnê Vertigo, nos dias 20 e 21 de fevereiro. A excursão passou por 110 cidades da Europa e dos Estados Unidos e reuniu 5 milhões de espectadores. A fórmula é mais ou menos a que a banda usa em 29 anos de trajetória, durante os quais já vendeu 120 milhões de discos: letras pacifistas e repletas de versículos bíblicos. Melodias simples porém eficientes, acompanhadas por baixo, guitarra e bateria na melhor tradição do rock.

TUDO POR UM INGRESSO No Brasil, fãs chegaram a acampar e esperar 36 horas na fila. Mesmo assim, os cambistas levaram a melhor

O U2, segundo a revista Forbes, é a segunda banda que mais ganha dinheiro no planeta, atrás apenas dos Rolling Stones. O que eleva Bono às alturas, porém, é sua atuação política. Foi o porta-voz da campanha Drop the Debt (Derrube a Dívida), que conseguiu, no ano passado, que o grupo dos países mais ricos, o G-8, perdoasse a dívida de 14 países e analisasse a possibilidade de anistiar outros quatro. Mais: a campanha emplacou um pacote de US$ 50 bilhões para os países mais pobres e remédios contra a Aids para 10 milhões de africanos. Nos últimos anos, Bono foi figurinha carimbada em reuniões do Fórum Mundial Global, em Davos, da Organização Mundial de Comércio e do G-8. 'A gente sabe que seu compromisso é real e persistente ao longo dos anos', diz Katherine Marshall, diretora do Banco Mundial, em Washington, que trabalhou com Bono. 'Ele tem capacidade de persuasão tanto na mídia, quando se dirige a uma grande audiência, quanto diante de líderes políticos, numa reunião a portas fechadas.'

Bono ganha proeminência num mundo em que as ideologias são cada vez mais ralas e as pessoas perseguem significados para sua vida. Preenche um vácuo deixado pela geração dos artistas militantes da década de 60, como Bob Dylan e John Lennon. Com uma vantagem - mercadológica, ao menos. A mensagem do U2, de um bom-mocismo genérico e uma religiosidade ecumênica, tem aceitação garantida por não ser amarga e irônica como a de Dylan e a de Lennon. Nem todos eram contra a Guerra do Vietnã, mas não se pode ser contra o combate à fome e à Aids. Sustentados por idéias e um estilo que se mantém ao longo dos anos, Bono e o U2 se destacam no cenário atual da música, em que grupos fazem sucesso estrondoso mas fugaz, para logo se dissolver. Ele nunca escondeu suas altas pretensões. Em entrevista a um crítico da revista Rolling Stone, em 1980, no lançamento do primeiro disco, já dizia: 'Não quero parecer arrogante, mas há uma certa química, que era especial nos Stones, The Who, nos Beatles e acho que também no U2'.

#Q:Será Bono o Messias - continuação:#

CAMPANHA Bono pede que a platéia envie mensagens de celular para Bush

A crença de estar imbuído de uma missão também vem do início de sua carreira. Ao contrário de outros artistas, que cantavam a paz a partir de países estáveis como Estados Unidos ou Inglaterra, Bono nasceu em Dublin, na Irlanda, ilha dividida em duas por um conflito religioso e político que dura mais de cem anos e deu origem a dois países. Cresceu em um bairro que fornecia terroristas para o IRA. 'Eu sabia que nossa família era diferente na nossa rua porque minha mãe era protestante e casou com um católico', diz Bono. 'Tínhamos a sensação de que a violência estava ali na esquina.' Mas não foi com a questão paroquial irlandesa que ele conquistou o mundo. Foi 'Pride (In the Name of Love)', de 1984, em homenagem a Martin Luther King, que fez o U2 saltar das casas de show para os estádios. Em 1985, Bono roubou a cena no concerto Live Aid, organizado por seu amigo de infância, Bob Geldof. Após o evento, que arrecadava dinheiro para combater a fome na África, ele passou seis semanas num orfanato na Etiópia. A experiência fez dele um militante globalizado.

O ativismo tenaz e admirado de Bono dura já três décadas sem perder a força. Um dos motivos é a globalização. No mesmo período em que as ONGs começaram a formar coalizões mundiais, Bono costurava a luta pelos direitos ä humanos em vários pontos do planeta. Num show em Londres, em 1993, ele levou ao palco o escritor indiano Salman Rushdie, condenado à morte por radicais islâmicos. É por essa abrangência que a palavra de Bono sobreviveu aos anos 80, quando vários artistas queimaram seu prestígio em nome de lutas sociais. Celebridades como Paul Simon e David Byrne denunciaram o apartheid - e murcharam depois que o regime sul-africano caiu. Sting virou piada, de tanto passear com o cacique Raoni. Mas Bono sempre se recriou. Musicalmente, renova seu estilo a cada disco e cria canções que permitem várias leituras. 'Walk on' (Siga em Frente), composta em homenagem a uma ativista política de Burma, virou hino para os americanos após os atentados de 11 de setembro.

PAINEL No Fórum Econômico Mundial, defendeu mais ajuda para os países pobres

Quando as torres gêmeas caíram, a banda estava em turnê. Naquele momento, o público estava perplexo e poucos artistas tinham algo relevante a dizer. Bono decidiu que, durante o show, o telão exibiria os nomes dos policiais e bombeiros que morreram no World Trade Center, e dos passageiros dos aviões derrubados pelos terroristas. 'Apertamos o botão certo', diz o baixista do grupo, Adam Clayton. Para um militante apaixonado, Bono sabe dosar as palavras para agradar a todos. Seu primeiro sucesso, 'Sunday bloody Sunday', tratava do massacre do Domingo Sangrento na Irlanda do Norte. Ele aconteceu quando manifestantes pediam a libertação de irlandeses presos, acusados de serem terroristas do IRA (grupo que defende a independência da Irlanda do Norte). A polícia britânica disparou contra a multidão, matando 14 pessoas. O primeiro verso da canção de Bono era 'Não me venha falar dos direitos do IRA'. Mais tarde, para não ofender os simpatizantes do movimento, ele o alterou para 'Não posso acreditar nas notícias de hoje'.

Outra razão do sucesso de Bono é a religiosidade. Foi um dos primeiros astros do rock a evocar Deus, Jesus e trechos das Escrituras sem ser empurrado para o gueto dos músicos de Cristo. Bono diz que os momentos mais importantes de sua vida foram os encontros com o papa João Paulo II e com o pastor Billy Graham. Seus shows são pontuados por declarações como 'Deus os abençoe' e suas letras conquistaram protestantes e católicos pelo mundo. Não é unânime, claro. Foi criticado por posar nu e ser filmado com o grupo consumindo cigarros e bebidas. Por citar os Evangelhos sem engasgar, Bono aproximou-se de George W. Bush, um cristão fervoroso, e convenceu-o de que, independentemente de qualquer questão política, Jesus veria com bons olhos uma ajuda aos países pobres.

#Q:Será Bono o Messias - continuação:#

DESAFIO Ao lado de Rushdie, condenado à morte por extremistas

Como bom pastor eletrônico, um dos talentos de Bono é usar a tecnologia para disseminar suas convicções. Enquanto artistas e gravadoras estão encurralados pela troca de arquivos MP3, o U2 assinou um contrato com a Apple para lançar um iPod que dá acesso a toda a discografia da banda. Os shows do U2 trazem o que há de mais moderno em iluminação, câmeras e interação com o público (leia o quadro à página 88). No início da década de 90, Bono, no palco, fazia ligações telefônicas de surpresa para chefes de Estado e autoridades da ONU. Agora, convida cada espectador a acionar seu celular para enviar mensagens para Bush e se manifestar contra a miséria na África. Colabora com grupos que usam a internet como arma de pressão política. 'Ele sabe como divulgar suas causas na guerra de informação que vivemos', diz André Kishimoto, de 32 anos, um brasileiro que virou ativista do Greenpeace por inspiração do ídolo.

Bono conseguiu que os países ricos perdoassem US$ 40 bilhões em dívidas e aprovassem um pacote de ajuda de US$ 50 bilhões

Bono preserva sua vida pessoal. Quase nunca aparece em revistas de celebridades e não gera notícias de casos extraconjugais. Mesmo sites de garçons e arrumadores de suítes de hotel dizem que ele é simpático e dá gorjetas decentes. Para quem espera ver roqueiros tirando a roupa no palco e afundando carros em piscinas de hotéis, o sujeito é um tédio. Quando não está em turnê, resguarda-se em Dublin com a mulher - sua namorada de infância, Alison Stewart - e os quatro filhos. Em lugar de badalações, vai a reuniões. As mais freqüentes têm sido com seu improvável parceiro de filantropia, o dono da Microsoft, Bill Gates. Gates nunca deu bola para o rock do U2, mas foi conquistado pelo projeto de ajuda aos países pobres apresentado por Bono. Só em 2005, a Fundação Bill and Melinda Gates doou US$ 3,3 bilhões para pesquisas em saúde pública e investimento em países pobres.

A pregação social de Bono não está imune a pedradas. Ele é visto com antipatia por intelectuais africanos, que dizem que suas doações mais prejudicam que ajudam o combate à pobreza e à Aids. Isso porque, segundo os críticos, os donativos vão parar nas mãos de ditadores, e isso fortaleceria regimes opressivos em países como Etiópia e Tanzânia. O escritor americano Paul Theroux, que viveu na África durante anos, observou que o presidente de Malavi, um dos países que podem ter a dívida perdoada, acaba de adquirir uma frota de Maybachs, carros alemães feitos sob encomenda que custam US$ 350 mil cada um. A esse tipo de ataque, Bono responde que é preciso pensar a longo prazo. 'Cometemos erros, mas a situação está mudando. São cada vez mais raros os desvios de ä dinheiro. Além disso, não podemos deixar pessoas morrerem de fome e Aids simplesmente porque elas vivem sob regimes ditatoriais.'

PRECURSOR Em 1969, Lennon e Yoko protestaram contra a Guerra do Vietnã

'Sinceramente, o bom-mocismo dele às vezes me cansa', diz o crítico de música Arthur Dapieve. 'Prefiro ouvi-lo num palco ou num CD, e não em Davos. Sei, é coerente com a postura dele, acredito que seja sincero, mas, ora bolas, o rock nunca teve nada a ver com a correção política...' Para Katherine Mansell, do Banco Mundial, ele é antes de tudo um artista. 'Por mais bem-intencionado que seja, não vai substituir o trabalho dos especialistas nem adivinhar as demandas locais', diz. 'Mas ele tem um papel fundamental na hora de atrair o grande público para uma causa.'

A tripla jornada de artista, ativista e pai de família cobra seu preço. Aos 45 anos, Bono diz estar mais gordo do que gostaria. Por trás dos óculos escuros, dos quais tem uma imensa coleção ('Sou a Imelda Marcos dos óculos'), há bolsas de cansaço sob os olhos. E o letrista, vocalista e líder tem de negociar sua divisão de tempo com o resto da banda. 'O U2 é apenas a trilha sonora para a campanha épica do Bono', diz o guitarrista do grupo, The Edge. 'No estúdio de gravação, ele fica impaciente. Aí falamos para ele ir se f*%#! e procurar George Bush. E ele vai! Talvez isso tudo seja culpa nossa', brinca o baterista Larry Mullen. 'Eles têm sido bem tolerantes comigo', diz Bono. 'O importante é que fazemos nosso público se sentir mais poderoso, como se fosse parte de algo', diz The Edge. O resultado é um fenômeno político e musical como não se via desde que em 1969 John Lennon se internou numa cama com sua mulher, Yoko Ono, em protesto contra a Guerra do Vietnã. Bono se orgulha do dia em que Yoko colocou a mão em seu ombro e disse: 'Você é filho de John'. Para um roqueiro, não poderia haver elogio mais extraordinário. É quase como se Bono fosse declarado Filho de Deus - algo que para milhões de admiradores no mundo soa como uma verdade inquestionável.



BONOBAGENS NA ÁFRICA...
Ajuda pregada por Bono às vezes sai pela culatra
Etiópia Após o perdão da dívida, o presidente Meles Zenawi cancelou as eleições, prendeu os opositores e censurou a imprensa
Uganda O presidente Yoweri Museveni gostou tanto de governar sem dívida que cancelou eleições e decidiu governar por mais três anos
Ruanda Com o dinheiro recebido para combater a Aids, opresidente Paul Kagame 'venceu' as eleições com 95% dos votos e proibiu os partidos de oposição
Nigéria Embora seja uma potência petrolífera, recebeu enormes doações. Bono diz que o dinheiro é importante para evitar que a população fuja em massa do país




#Q:Fãs ilustres:#
FÃS ILUSTRES
O que as figuras importantes falam sobre Bono Vox
'Eles (do U2) inspiraram e deram poder a milhões com sua música e falando em nome dos pobres e dos oprimidos', Irene Khan, secretária-geral da Anistia Internacional
'É difícil imaginar quanto teria sido feito pelos países pobres sem ele', Paul Martin, primeiro-ministro do Canadá
'Ele é charmoso e persuasivo. E os políticos podem voltar para casa e dizer para suas filhas: tive uma reunião com Bono hoje', Bob Geldof, cantor e ativista
'Ele é alguém que eu admiro. Ele faz bastante bem ao debate do desenvolvimento econômico', John Snow, secretário do Tesouro dos EUA
'Ele é um poeta. Ele é um filósofo. E, na noite passada, acho que o vi andando sobre as águas', Mick Jagger, cantor
'Bono sabe como fazer as coisas acontecer', Paul Wolfowitz, presidente do Banco Mundial



#Q:CD's da carreira do U2:#
Quatro discos para entender
a mensagem do U2
War (1983) Em plena Guerra Fria, o terceiro disco traz hinos pacifistas, como 'Sunday bloody Sunday', que deram fama à banda
Joshua Tree (1987) Com letras gospel e referências à cultura americana, um som que renova o equilíbrio de timbres entre guitarras e voz consagrou o U2
Achtung Baby (1991) Os impactos políticos e econômicos da globalização são o tema do disco em que o grupo trocao padrão elétrico pelo eletrônico. Inclui canções como 'One', que embalam campanhas sociais
All that You Can't Leave Behind (2000) O disco marca a volta às paradas após o fracassado Pop. Com o 11 de setembro, as canções 'Walk on' e 'Stuck in a Moment You Can't Get Out' sintonizam a banda com o clima da virada do milênio



#Q: DVD e Vídeos do U2:#
DVDs e vídeos com grandes momentos do grupo
U2 Live at Red Rocks: Under a Blood Red Sky (1983) Gravado em Denver, Colorado, na turnê do disco War, mostra um Bono Vox jovem e meio desafinado, mas com energia para subir no palco e balançar uma bandeira branca da paz
Rattle and Hum (1988) Lançado no cinema, com partes em 16 milímetros e preto-e-branco, mostra como a banda conquistou o coração da América
Zoo TV Live from Sydney (1994) O show mais grandioso do grupo conta com carros rabos-de-peixe pendurados no palco. Inova em interação eletrônica. No meio do show, Bono telefona para chefes de Estado e autoridades da ONU
Vertigo 05 Live from Chicago (2006) Turnê que vem ao Brasil. O grupo usa novas tecnologias de iluminação e toca os sucessos do último disco



#Q:O duelo dos vocais:#

O DUELO DOS VOCAIS
Bono e Mick Jagger disputam a atenção da mídia no Brasil
As duas bandas que mais faturam na atualidade se apresentam na mesma semana no Brasil. Os Rolling Stones, que tocam de graça na Praia de Copacabana, no dia 18, e o U2, que se apresenta no Morumbi, nos dias 20 e 21, têm líderes com estilos bem diferentes. Enquanto Bono faz o gênero bom moço, Mick Jagger continua na linha sexo, drogas e rock'n'roll. Jagger não tem pretensões de salvar os miseráveis do mundo. Apenas de mostrar que continua em forma aos 62 anos. Com isso, embora não seja o artista mais comentado da atualidade, faturou mais do que qualquer outro no ano passado.
MICK JAGGER

BONO VOX
62 anos

Idade

45 anos
38, incluindo coletâneas

Discos lançados

19, com coletâneas
3,6 milhões

Citações no Google

455 mil
36

Comunidades no Orkut

110
Sexo, drogas e rock'n'roll

Estilo

Deus os abençoe
43 anos

Idade da banda

29 anos
1995 e 1998

Shows no Brasil

1998
1 milhão (show grátis)

Expectativa de público

146 mil (ingressos a partir de R$ 200)

#Q:O show dos shows:#

De câmeras espiãs a videogame, tudo para criar o espetáculo mais moderno do mundo

Nada se compara à tecnologia usada na Vertigo Tour. A banda investiu US$ 50 milhões na produção. A turnê já passou por 19 países. Foi vista por 3 milhões de pessoas e arrecadou US$ 300 milhões, só em ingressos. Há um telão com impressionantes imagens de videoarte, câmeras de infravermelho e todos os equipamentos são conectados sem fio. A estrutura completa do show pesa 400 toneladas e chegará ao Brasil em quatro Boeings 747. A operação de toda a iluminação e imagens do show fica na palma da mão de um único homem, Willie Williams. Acompanhando a banda desde 1982, ele desenvolveu um sistema que permite acoplar um videogame PlayStation 2 à rede de computadores para controlar luzes e imagens do show usando um joystick. Segundo Willie, o ponto alto do show é quando Bono pede ao público que pegue seus telefones celulares e acendam as luzes dos visores. 'É o Woodstock do século XXI', diz ele, 'a visão de milhares de visores de celular cercando o palco é um efeito que o dinheiro não pode comprar'. Os palcos cobertos com lona e microfones que dão choques ficaram no passado, mas a emoção é a mesma.

Mais detalhes

Seis câmeras de infravermelho gravam imagens da banda, dos rostos na platéia e até de detalhes como sobrancelhas

As imagens do público são mostradas com atraso no telão, para evitar 'beijos para a câmera'

O inglês Mark Fisher é o arquiteto responsável pelo show do U2 e também pelo show A Bigger Bang, dos Rolling Stones

Um especialista em tecnologia é encarregado de combater hackers e montar o sistema sem fio que conecta todos os computadores e equipamentos do show

103 técnicos estrangeiros e 200 brasileiros montam o espetáculo

1
Videogame O comando das luzes e imagens do show é feito com o joystick de um videogame que está acoplado à rede de computadores, toda conectada por um sistema sem fio

2
Público Um público de 73 mil pessoas é esperado em cada dia de show no Brasil. Além da Polícia Militar, Civil e Guarda Metropolitana, 750 seguranças particulares estarão no local

3
Área vip O interior do 'círculo' é a área vip para convidados da banda. Cabem de 3 mil a 5 mil pessoas. Só entram nela os convidados do grupo e pessoas 'sorteadas' pelos seguranças do U2 na entrada do show

4
Passarela Durante o show, Bono caminha por uma passarela elíptica (forma de ovo) que o leva ao meio da platéia. Luzes LEDsembutidas no piso da passarela fazem efeitos de cores e movimento

5
Cortina de luz O palco de 60 metros de largura e 25 metros de altura é
coberto por uma cortina de 40 metros de largura com 12 mil LEDs (lâmpadas especiais) que funciona como um telão flexível para jogos de cores e imagens


COM REPORTAGEM DE DÉBORA RUBIN, ELISA MARTINS E GUILHERME RAVACHE

Fotos: Jeff Chritensen/AP; Stephane Cardinale People Avenue/Corbis; Gary Hershorn/Reuters; Daniel Acker/AP; Brian Rasic/Rex Features Limited; Vivi Zanata/AE; Saurabh Das/AP; Alex Wong/Getty Images; Jeff Christensen e Johy Gentile/Reuters; Henry Ray/AFP: post by:janio ires

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